O que está acontecendo bem no centro do nosso planeta é um grande mistério.
A verdade é que nenhum ser humano jamais atravessou a crosta e perfurou fundo o suficiente para penetrar no manto da Terra, muito menos em seu núcleo de ferro líquido, por isso não sabemos que tipos de interação ocorrem lá.
O núcleo do nosso planeta está muito além do nosso alcance tecnológico – pelo menos por enquanto – e, ainda assim, graças a modelos teóricos inteligentes, os cientistas encontraram respostas para alguns dos mistérios sob nossos pés.
Uma nova pesquisa está mostrando que o núcleo derretido da Terra pode realmente perder ferro para o manto superior, que é mil graus mais frio do que o núcleo líquido.
Por décadas, os cientistas têm debatido se o núcleo e o manto trocam material físico.
(L. O'Dwyer Brown, Universidade de Aarhus)
O poderoso campo magnético da Terra e suas correntes elétricas certamente significam que há muito ferro no núcleo. Além disso, amostras de rochas do manto ejetadas para a superfície também apresentam conteúdo significativo de ferro, levando alguns a presumir que o material vem do núcleo.
Para se ter uma ideia se isso é possível, os pesquisadores realizaram experimentos de laboratório mostrando como os isótopos de ferro se movem entre diferentes regiões de temperatura em altas pressões e temperaturas.
Usando essas informações para criar um modelo, os resultados do grupo mostram que isótopos pesados de ferro podem migrar do núcleo mais quente da Terra para o manto mais frio. Enquanto os isótopos de ferro leve farão o oposto e passarão do frio para o quente de volta ao núcleo.
Esses resultados ainda são teoria, mas podem nos ensinar algo importante sobre como funciona o interior do nosso planeta.
Usando simulações de computador, os autores conseguiram até mesmo mostrar como esse material central poderia viajar até a superfície da Terra, com isótopos mais pesados movendo-se para cima em uma pluma de manto quente semelhante às encontradas em Samoa e Havaí – uma possível assinatura de um núcleo “vazando” Terra.
Novas simulações mostram apenas que existe a possibilidade de vazamento do núcleo para o manto em alta temperatura e pressão, e isso pode explicar por que as rochas do manto contêm muito mais ferro do que meteoritos: em suma, o ferro líquido vem do coração.
O estudo foi publicado na revista Nature Geoscience.
Fontes: Foto: NASA