De modo geral, os insetos tendem a ser dimórficos. Existem machos com gametas pequenos e fêmeas com gametas grandes, essenciais para a reprodução.
De vez em quando, a natureza se surpreende ao produzir um organismo que é uma combinação de ambos os sexos, dividido bem ao meio.
Esta condição é conhecida como ginandromorfismo, e os cientistas acabaram de descobrir o primeiro espécime ginandromórfico em uma abelha noturna nativa da América Central e do Sul, Megalopta amoenae.
No lado esquerdo, a abelha é fisiologicamente masculina. Tem uma mandíbula pequena e graciosa, uma antena longa e uma perna traseira delgada com menos restolho. O lado direito tem características femininas – uma antena mais curta, uma mandíbula serrilhada pronunciada e uma perna traseira grossa e peluda.
Este é um fenômeno bem conhecido – ginandromorfos foram encontrados em pelo menos 140 espécies de abelhas, bem como em borboletas, pássaros e crustáceos (mas praticamente desconhecidos em mamíferos).
Neste caso, pesquisadores liderados pela entomologista Erin Krichilsky da Cornell University estavam conduzindo um estudo de ritmos circadianos em M. amoenae e trabalhando com abelhas vivas da floresta Barro Island Colorado, no Panamá, no Smithsonian Institute for Tropical Research.
Foi um golpe de sorte – porque estudar as abelhas ginandromórficas que ainda estão vivas pode nos ajudar a aprender muito sobre esses adoráveis insetos.
“Este fenômeno [ginandromorfismo] pode fornecer uma visão sobre a evolução de características morfológicas especializadas, como a morfologia do gênero masculino de abelhas parasitas reprodutoras, morfologia alterada de castas sociais de insetos e novos métodos de reprodução”, escreveram os pesquisadores no artigo.
O estudo foi publicado na revista Hymenoptera Research.
Fontes: Foto: (Krichilsky et al., J. Hymenopt. Res., 2020)